Eu casei em 2020, ano em que o Covid começou a assolar o mundo. 
Foi um casamento com 200 pessoas, em plena pandemia, o que exigiu um protocolo aprovado pela unidade de saúde local. Conseguimos a proeza de não registar nenhum caso de Covid entre os convidados, num período em que os números estavam a crescer exponencialmente. Isso foi possível graças ao protocolo implementado, evidentemente, mas também a uns testes de zaragatoa, que tinha conseguido arranjar no rugby e que faziam parte dos protocolos da federação. Na altura, esses testes eram praticamente desconhecidos e ainda não eram utilizados de forma generalizada em Portugal.    

Quando voltei da lua de mel, já tranquilo por saber que o nosso casamento não tinha resultado em casos de Covid, tive uma epifania. Juntamente com a minha mulher, conseguimos adquirir mais testes, pela mesma via que a federação de rugby, e começamos a utilizá-los em empresas, fornecendo resultados imediatos.

Tivemos imensa procura e um crescimento muito rápido, já que éramos dos únicos em Portugal, nessa fase, a oferecer testes de zaragatoa, com alta sensibilidade e especificidade (muito próximo do PCR), a um preço  de 25 euros. Só algum tempo depois é que as farmácias e os laboratórios começaram também a disponibilizar esses testes, tendo havido muito lobby e resistência devido à menor rentabilidade que representavam, comparada com a dos testes PCR. 

Lançámos o site covidtesterapido.pt, que permitia marcar testes rápidos em vários laboratórios nacionais. Além do site, enquanto empresa de testagem, realizámos testes de norte a sul do país. Fomos os primeiros a fazer testes Covid com a Glovo, no Porto. Chegámos a ter mais de 60 profissionais de saúde a trabalhar connosco.

A empresa durou cerca de dois anos e orgulho-me muito deste projeto. Sinto que ajudamos muitas pessoas, não só no suporte às empresas e à população, com testagens mais rápidas e em larga escala, mas também na sensibilização para a eficácia destes testes, que estavam a ser postos de lado por interesses comerciais.